A transição do 4G para o 5G no Brasil marcou um avanço na conectividade do país, impulsionando benefícios em setores-chave, como saúde, educação e administração pública. No entanto, esse processo ainda enfrenta desafios significativos de infraestrutura, custos e regulamentações, com uma implantação em grande parte limitada às grandes cidades.

À medida que o 5G se consolida, o Brasil deve aprender com esses desafios para facilitar uma futura implementação bem-sucedida da tecnologia 6G, que promete inovações ainda mais avançadas em velocidade, conectividade e aplicações de IA. A próxima geração de redes não apenas ampliará as capacidades tecnológicas, mas transformará a forma como os setores econômicos e sociais se desenvolvem e interagem. Por isso, é essencial que o país avance em políticas que promovam a inclusão digital e um ambiente regulatório ágil.

Justamente sobre esse tema se aprofundará no próximo dia 5 de novembro no DCD>Debate: Futuro das telecomunicações - já podemos falar sobre 6G?, que acontecerá no evento DCD>Connect São Paulo. A DCD conversou com Janilson Junior, engenheiro e Diretor de Novos Produtos da American Tower, que nos deu uma prévia do que podemos esperar.

Como você avalia a transição do 4G para o 5G no Brasil em termos de infraestrutura, adoção de mercado e impacto socioeconômico? Quais lições dessa transição podem orientar o planejamento e o desenvolvimento da rede 6G no país?

A transição do 4G para o 5G no Brasil trouxe avanços importantes em velocidade e conectividade, essenciais para tecnologias como IoT e realidade aumentada/virtual, mas também enfrentou desafios de infraestrutura, regulação e disparidade regional. O atraso na implementação devido à complexidade regulatória e aos altos custos de infraestrutura oferece lições valiosas para o desenvolvimento do 6G. Portanto, para conseguirmos realizar a sua implantação, será crucial uma infraestrutura mais densa, um ambiente regulatório mais ágil e maior colaboração entre operadoras, governos e novos setores, como veículos autônomos e cidades inteligentes.

Quais são os principais obstáculos técnicos, econômicos e regulatórios que o Brasil enfrenta ou enfrentou na implementação do 5G, e como esses desafios podem influenciar a preparação para o desenvolvimento da infraestrutura 6G?

Os principais obstáculos para o 5G no Brasil, que influenciarão o planejamento do 6G, incluem a falta de cobertura ampla, especialmente em áreas rurais e periféricas, e o alto custo de implementação da infraestrutura, que será ainda maior no 6G, exigindo mais torres e integração com tecnologias satelitais.

Além disso, a necessidade de operar em frequências de espectro mais altas também aumenta a complexidade técnica e os custos. O 6G precisará superar os desafios de compatibilizar redes de IoT, IA, edge computing e a conexão massiva de dispositivos, áreas que mesmo o 5G ainda enfrenta dificuldades.

Quais inovações tecnológicas fundamentais o 6G promete oferecer em comparação com o 5G, e até que ponto podemos esperar uma transformação equivalente, ou ainda mais profunda, em termos de capacidades e impactos? Como essas mudanças podem afetar diferentes setores da economia e a sociedade?

O 6G promete inovações tecnológicas além do 5G, com velocidades até 100 vezes maiores e latência quase nula, permitindo comunicação instantânea e aplicações avançadas, como carros autônomos conectados em tempo real. A expectativa é que, com isso, a IA passe a ser integrada nas redes 6G, permitindo que elas tomem decisões autônomas, e a hiperconectividade suporte trilhões de dispositivos, desde roupas inteligentes até implantes médicos. Além disso, a computação quântica trará avanços em criptografia e processamento de dados.

Entendemos que enquanto o 5G atuou para a melhoria da velocidade e da conectividade, o 6G promete uma transformação ainda mais profunda, conectando o mundo físico, digital e biológico de forma revolucionária. Isso impactará setores como saúde, transporte e entretenimento, e criará novos mercados tecnológicos. Por isso, a infraestrutura atual, já flexível para o 5G, precisará de adaptações, como mais pontos de acesso e redes virtualizadas com IA, além de uma abordagem sustentável, essencial para o futuro das telecomunicações.