De acordo com a IBM, O tema da modularidade se aplica de forma diferente a cada ambiente, ou seja, um grande data center de uma instituição financeira aplica os conceitos de forma diferente de uma fintech/startup ou de uma instituição de médio porte. Para cada caso, se o conceito de modularidade for aplicado corretamente, serão produzidos resultados significativos.
Em linhas gerais, os data centers modulares são uma forma mais racional de investimento, pois acompanham a demanda dos negócios/TI, além de terem custos de operação menores, uma vez que não é preciso operar e gerenciar uma infraestrutura maior que a necessária, considerando que o uso da energia é mais eficiente neste modelo. Além da questão de custos, os data centers modulares conseguem atender de forma mais ágil e flexível às futuras demandas do negócio, que são, em sua essência, disruptivas e transformacionais.
Historicamente, a IBM tem um grande relacionamento com o segmento financeiro, o que, naturalmente, levou a empresa à grandes parcerias com os clientes.
Em termos de mercado, algumas pesquisas indicam que o mercado global de Data Center Modular será superior a US$ 35B em 2021 e que aproximadamente 20% deste mercado estará no setor de finanças, com participação abaixo apenas do setor de TI/Telecomunicações.
Investindo forte neste segmento, a IBM possui uma equipe de consultores e engenheiros que trabalham junto aos clientes e parceiros tecnológicos, desenvolve soluções modulares para data centers tradicionais, bem como data centers em contêineres ou pré-fabricados e, mais recentemente, soluções de micro data center. Complementarmente, as soluções modulares podem ser oferecidas no modelo Data Center as a Service, operada e gerenciada pela IBM, permitindo uma adequação ao fluxo de caixa dos clientes.
A DatacenterDynamics conversou com Carlos Pane, consultor de Data Center da IBM Brasil, que fala sobre as particularidades deste segmento. Confira aqui.
DatacenterDynamics: As Instituições financeiras têm muitos fatores a considerar na escolha de uma infraestrutura de data center. O que elas mais levam em consideração na hora de adotar uma infraestrutura de data center? Segurança dos dados, questões relativas à legislação local, possibilidades de escalabilidade e metas sustentáveis ou redução de custos?
Carlos Pane: É importante reforçar que a infraestrutura do data center é parte de um todo que, ao final, deve prover serviços com segurança e disponibilidade, tendo sempre em vista também a experiência do usuário. No contexto das instituições financeiras, a segurança é um item intrínseco ao negócio - não só pela forte regulação do setor, mas também pelo negócio em si, considerando que tanto a segurança física como a segurança dos dados é um item primordial para a imagem da instituição.
A disponibilidade é outro fator importante. Entretanto devemos sempre ter em mente que a disponibilidade tem que ser tratada sob todos os aspectos, desde a infraestrutura dos data centers, passando pela infraestrutura de TI e redes, chegando aos diversos meios que interagem com os usuários.
Além dos itens acima - que se relacionam ao risco operacional, a questão da racionalização do custo é sempre observada no planejamento das infraestruturas, ela pode ser representada de diversas formas: uma abordagem modular e escalável, uma maior padronização, automação dos ambientes, etc.
DCD: Gostaria que falasse um pouco sobre as soluções de Data Centers Modulares para o mercado financeiro, explicando cada item:
C.P.: Filiais - As agências ou filiais locais ou no exterior, usualmente, possuem uma infraestrutura de processamento local que, em linhas gerais, não segue um padrão muito organizado, pois geralmente são feitas de acordo com as condições dos locais. Algumas vezes, por exemplo, por serem locais alugados, possuem características de temporárias, para poderem ser movidas para outros locais posteriormente. O uso de data center modular, além de trazer uma padronização das instalações, permite uma gestão remota dos ambientes de forma unificada e aderente a governança de TI. Além disso, a operação e a manutenção são padronizadas e os custos operacionais reduzidos. Para os casos de locais alugados, minimizam-se as intervenções nos imóveis e permite-se uma mudança de local mais simples e rápida.
- DC para SMEs: As fintechs e startups na área de finanças, usualmente surgem com serviços de data center externos. Entretanto, em determinado momento do crescimento da empresa, faz-se necessário a disponibilização de uma infraestrutura mínima local, que pode ser atendida com data centers modulares, pois além de maior agilidade para instalação, eles permitem um crescimento modular e uma gestão e operação simplificadas. É possível ainda a adoção destas soluções no modelo as a service, o que permite internalizar sem ter o ônus do investimento e com a gestão baseada em padrões de SLA previamente acordados.
Um outro uso para as instituições de pequeno e médio porte é uma solução (como ativo ou as a service) para seu ambiente de DR, a fim de atender as regulamentações do setor e de assegurar uma maior resiliência.
- Instalações temporárias: As instituições financeiras, muitas vezes, fazem parceria com outras empresas em ações e eventos externos e necessitam de uma infraestrutura básica de processamento e comunicação para atender suas necessidades. Outro caso é quando precisam ter uma parte de sua infraestrutura destinada para um uso temporário, como um piloto, para o desenvolvimento de algum produto especial, entre outros. Nestes casos, o data center modular, em especial o micro data center, permite a flexibilidade, o transporte e a simplicidade de operação requeridas, sem que se tenha que alterar a infraestrutura existente dedicada ao core business.
- Aplicações especiais: Existem demandas especiais para o uso de data centers descentralizados, em especial, de micro data centers, como as áreas de trading, que necessitam de uma resposta rápida, pois são muito sensíveis à latência de rede e disponibilidade. Por fim, existem outras áreas que requerem níveis de segurança adicionais - como por exemplo, as entidades certificadoras, o que pode ser alcançado com um micro data center dentro de um data center, desta forma, cria-se um ambiente isolado dentro de um data center tradicional.
DCD: Qual é a análise da IBM em relação à escalabilidade?
C.P.: A escalabilidade em TI, por definição, é a capacidade de crescer sem perder as características originais do produto ou da solução e pode ser horizontal ou vertical. Do ponto de vista da infraestrutura do data center, elas produzem efeitos relevantes em curto e médio prazo. A escalabilidade vertical se traduz para a infraestrutura como um aumento da capacidade do equipamento, o que demanda mais energia e refrigeração. Sendo assim, é importante que o desenho da infraestrutura tenha modularidade para permitir o crescimento. Porém, existe um compromisso de custo/benefício, tanto em TI como na infraestrutura que deve ser bem avaliado para se determinar o ponto em que se considerará partir para a horizontalidade.
A escalabilidade horizontal tem o efeito de demandar, além de mais energia e refrigeração, mais espaço. Deste modo, é importante ao se desenhar a infraestrutura, entender quais são as perspectivas em curto e médio prazo para permitir a definição da melhor modularidade no tempo, sempre sob uma perspectiva de custos de investimento e operacional.
Entender a escalabilidade do negócio, de redes e da TI é um elemento importantíssimo na hora de se desenhar a modularidade do data center. No entanto, como no mundo digital/cognitivo, isso pode ser difícil, consequentemente, além de avaliarmos e construirmos os cenários de crescimento sob uma perspectiva conservadora, uma neutra e outra agressiva, recomendamos um plano complementar para um cenário “explosivo”.
DCD: Gostaria que falasse dos usos potenciais da solução de micro data center dentro do setor financeiro.
C.P.: É interessante notar que, além dos usos mais tradicionais, mencionados anteriormente, existem outras perspectivas para o uso de micro data centers, pois se observa um crescente aumento do poder de processamento e um aumento ainda maior na geração de dados na ponta do sistema pelos usuários ou pelas máquinas inteligentes. Muitos destes dados têm importância no momento que são gerados para que possam ser utilizados de forma mais efetiva, o que demandará uma infraestrutura distribuída para tratá-los, conhecida como Edge Computing e que leva uma maior demanda e, consequentemente, demandará um ambiente adequado para sua instalação. Em especial, para o setor financeiro, o micro data center permitirá às instituições que os dados sejam tratados de forma remota com a segurança e a disponibilidade requeridas e com o compliance aos requisitos de regulação e à sua política de risco, o que permitirá um novo modelo de negócio e relacionamento com os clientes.