A edição de 2023 do Connect Cancún, um dos eventos de maior destaque na área de Data Centers, reuniu mais de 800 profissionais das empresas mais influentes do setor na América Latina. Entre eles está Antonio Hobmeir, Diretor de Gestão de Infraestrutura de TIC - DGI da DATAPREV, que gentilmente nos concedeu uma entrevista com alguns dos temas que ele também abordou no evento de Cancún.

Em alguns mercados, como América do Norte e Europa, algumas empresas estão decidindo trazer parte das cargas de volta on-premise, uma ação que vai contra a tendência de usar apenas a nuvem. Vemos essa tendência na LATAM hoje e em um futuro a curto/médio prazo?

Sem dúvida, é uma tendência que devemos observar em um futuro próximo na América Latina. Do meu ponto de vista, essa tendência é resultado da maturidade na adoção da nuvem. Quando as organizações começaram a abordar temas mais sofisticados, como estratégia de tecnologia e governança, o tema do gerenciamento de riscos de nuvem pública começou a surgir.

Não há dúvidas de que as nuvens públicas são uma excelente solução para alcançar escalabilidade, agilidade e implantações inovadoras. No entanto, não são a solução para todos os casos. Há um conjunto de soluções digitais em que questões estratégicas como continuidade de negócios, soberania e controle de dados superam os benefícios técnicos e financeiros das nuvens. Portanto, vemos que os países que priorizam a nuvem estão migrando para uma estratégia de nuvem híbrida.

Quais são as principais razões pelas quais as empresas podem considerar repatriar dados e cargas de trabalho da nuvem ao on-premise?

Empresas e governos devem reconsiderar o uso exclusivo de nuvens públicas para serviços digitais que apresentem riscos corporativos e de soberania. Em outras palavras, quando os dados e transações são essenciais e críticos à sua organização e Estado, você deve considerar conduzi-los no local para ter melhor controle e governança, incluindo questões como independência tecnológica.

Quais são os benefícios e desafios de se adotar uma estratégia híbrida que combina nuvem e on-premise em comparação a uma abordagem somente em nuvem?

Primeiro, ao habilitar uma estratégia híbrida, você não deve perder o foco em ter produtos capazes de rodar na nuvem. Executar em um ambiente de nuvem deve ser uma premissa para seus produtos. Dessa forma, a empresa terá realmente um ambiente integrado que pode aproveitar o melhor dos dois cenários (on-premise e na nuvem), mantendo sua governança e soberania, e ainda aproveitando as nuvens públicas.

O maior desafio é construir um ambiente interno tão resiliente e moderno como o encontrado nas nuvens públicas. Caso contrário, a estratégia terá pouca eficácia, lembrando que esse ambiente local é onde estão localizados os serviços mais relevantes da organização.

Quais tipos de cargas de trabalho são mais adequados para permanecer na nuvem e quais são mais adequados para o on-premise? Por que?

Acredito que a infraestrutura on-premise deve priorizar cargas de trabalho que envolvam os dados e transações comerciais mais relevantes à empresa, que devem ser mantidas sob controle total em termos de onde e como operam, incluindo a capacidade de manter a independência tecnológica. Por outro lado, nas nuvens públicas, devem ser hospedados todos os outros dados e transações em que a eficiência tecnológica e os custos prevaleçam sobre seu valor estratégico.