Nos últimos anos, a crescente utilização de tecnologia fez com que os data centers se tornassem o foco da infraestrutura digital no mundo e mais recentemente no Brasil.

A demanda pela construção de tais empreendimentos em curto prazo, exige que as construtoras utilizem as mais modernas ferramentas para gerenciamento das obras e apliquem os princípios da construção Fast Track.

Esta forma de gerenciamento do projeto, exige a coordenação de diversas atividades em paralelo, visando comprimir o cronograma e iniciar atividades sucessoras sem terminar as suas predecessoras. O Fast Track se estende por todos os ciclos do projeto: iniciando-se no desenvolvimento de engenharia, passando pela construção e chegando no faseamento do empreendimento.

Além do curto prazo para implantação e coordenação de atividades, em paralelo, outro desafio na implantação de um data center são as entregas parciais. Para atendimento ao cliente, por vezes é necessário iniciar operação parcial do site, enquanto o restante do edifício ainda está em fase de construção.

Listamos a seguir nossas melhores práticas e recomendações para execução de um data center no modelo construtivo Fast Track, bem como, algumas ferramentas úteis para superar os desafios no decorrer da obra:

Pré Engenharia: Definição do layout e premissas

A equipe de engenharia precisa estar de posse das principais premissas do projeto, incluindo as diretrizes urbanísticas da região (afastamento, altura do edifício, etc.) e as especificações técnica do cliente (design conceitual, nível de redundância, PUE desejado, fit out, utilidades perimetrais etc.).

Este alinhamento de informações iniciais é fundamental para possibilitar a sequência da engenharia (desenvolvimento dos projetos), suprimentos (definição e aquisição dos equipamentos estratégicos) e construção (terraplenagem para implantação do terreno).

Neste momento, também é necessário definir o faseamento do empreendimento, em função da demanda e urgência do cliente. Com isso, será possível dividir a obra em pacotes e planejar todo o projeto conforme os prazos de entrega de cada fase, inclusive das obras auxiliares como subestação, redes de fibra, média tensão e utilidades.

Engenharia e planejamento do caminho crítico

Uma estratégia comumente utilizada e que certamente colabora para a velocidade do projeto é permitir que a equipe de obras atue na fase de pré-construção, contribuindo com a visão de execução, possibilitando soluções alternativas e metodologias padronizadas.

De posse do layout preliminar mencionado anteriormente, mesmo que ocorra o refinamento dele, um importante entregável da etapa de engenharia é a análise da sondagem, o estudo do mapa de cargas do prédio e a definição do tipo de fundação. Afinal, essas duas atividades permitem o desenvolvimento do projeto de fundações e o início dessa etapa na construção, enquanto a engenharia seguirá desenvolvendo as demais disciplinas, sempre focando no caminho crítico.

As ferramentas do BIM auxiliam no desenvolvimento da engenharia, possibilitando a coordenação dos projetos no ambiente comum de dados (BIM 360). Deste modo, todos os projetistas podem trabalhar em conjunto, compatibilizando e verificando os “clashes” de forma muito mais rápida. Também é possível desenvolver projetos executivos em 3D, com peças tagueadas, que trazem velocidade na execução da equipe de campo.

Suprimentos e prazos para aquisições

A maior criticidade e “lead time” de fornecimento de um data center está nos equipamentos. Estes demandam um longo prazo de fabricação e muitas vezes precisam ser importados, o que estende ainda mais o fornecimento. Portanto, para reduzir o cronograma, é possível adotar uma política de aquisição antes mesmo do desenvolvimento dos projetos executivos.

E, além da visão a longo prazo, é necessário agilidade nas contratações e aquisições de curto prazo para a mobilização da obra. O cronograma do projeto deve conter as atividades de suprimentos como predecessoras das atividades de construção, contemplando a duração detalhada de cada aquisição. Deste modo, a equipe de diligenciamento poderá monitorar a aquisição dos componentes, fabricação, testes em fábrica e garantir a entrega no prazo e conforme especificado na aquisição.

Em adição ao cronograma, é necessário o desenvolvimento de uma matriz de responsabilidades clara, sem zonas cinzentas entre as equipes e parceiros envolvidos, para que todo o escopo da obra possa ser contratado no prazo.

Construção e metodologias construtivas

A fase de construção de um data center possui algumas peculiaridades em relação aos outros tipos de edifícios. Para garantir a entrega dentro do prazo e qualidade, não basta simplesmente mobilizar um efetivo maior ou implementar mais turnos de trabalho.

A equipe de obras civis precisa perseguir os prazos de entrega dos ambientes para as atividades de instalações permitindo o posicionamento dos equipamentos e terminalidade dos ambientes, dando sequência ao comissionamento.

Também é necessário focar no caminho crítico da primeira fase de entrega e atentar para ambientes que serão entregues no “early access”, cujo próprio nome diz, o cliente acessará de maneira antecipada esses ambientes, a citar: Data Hall, docas, depósitos e escritório.

As soluções de industrialização são mandatórias quando falamos de Fast Track. Dentre elas, vale destacar: estrutura pré-fabricada de concreto, modularização de estruturas metálicas, vedações em “drywall”, pré-montagem dos “spools” de tubulação e “skids” de todos os sistemas (diesel, água gelada, incêndio), entre outros. Dessa forma, a logística de entregas, os içamentos e os acessos do prédio também precisam ser muito bem planejados. Colocando a devida atenção no posicionamento e disponibilidade dos guindastes, gruas, elevadores do tipo cremalheira e guinchos.

Por fim, a utilização de metodologias do “Lean Construction” vem a somar durante essa fase, pois deixa o paralelismo de atividades mais evidente. Isso é feito com a divisão da obra em lotes menores, ou seja, na medida que determinada atividade é concluída em um ambiente, a atividade sucessora inicia imediatamente, sem esperar pelo pavimento inteiro, promovendo ritmo, necessidade de organizar as interfaces e se antecipar ao máximo. Ainda com a utilização das metodologias, a ferramentas do “Last Planner System” consiste em quebrar e detalhar o cronograma gerencial em períodos menores de até 90 dias e assim envolver a equipe de campo, promover reuniões semanais para levantamento e eliminação das restrições, realizar programações semanais com verificações diárias, no final de cada turno de trabalho a realização do “check out”, e finalmente a elaboração de um plano de ação para cada desvio encontrado.

A aplicação do Fast Track proporciona ganhos significativos de prazo na implantação de um data center, mas também traz diversos desafios. O presente artigo trouxe algumas lições aprendidas e as melhores práticas utilizadas nessa metodologia construtiva.

Ressalta-se que a Vertin, trabalha para melhorar cada vez mais seus métodos construtivos, agregar valor e reduzir prazos a seus clientes. Utiliza toda sua experiência de campo com as metodologias construtivas atuais e tecnologias inovadoras com o BIM, Engenharia 4.0, LPS e LEAN.

Enfim, se construir um data center já é uma missão crítica, construir em um prazo curto vai além disso. É uma arte desafiadora onde o mercado procura por cada vez mais, a busca da excelência destas construtoras.