Com a crescente demanda por soluções de energia mais sustentáveis e eficientes, especialmente em ambientes críticos como data centers, a tecnologia de baterias de lítio se destaca por suas notáveis vantagens em termos de eficiência energética, durabilidade e confiabilidade. Nesta entrevista, Marco Togniazzolo, Gerente de Engenharia da SecPower, explora as diferenças técnicas entre as baterias SPLFP UPS e outras soluções, além de discutir os desafios e as oportunidades que cercam a adoção dessa tecnologia no Brasil. Confira!

As baterias de lítio, especialmente as SPLFP UPS, estão sendo vistas como uma alternativa promissora às tradicionais baterias de chumbo-ácido. Quais são as principais vantagens dessa tecnologia em termos de eficiência energética, durabilidade e confiabilidade para sistemas de Nobreak em data centers e ambientes críticos?

As baterias de lítio realmente são uma melhor opção técnica quando comparadas não só com as tradicionais baterias chumbo-ácidas, mas também quando comparadas a outras tecnologias de armazenamento. Várias são as suas vantagens, mas destaca-se principalmente a maior eficiência energética das baterias de lítio, diminuindo, dessa forma, os custos com a sua recarga.

Outra característica marcante é a sua maior densidade de energia, o que as tornam menores e mais leves que as baterias tradicionais, economizando espaço e reduzindo investimentos com a infraestrutura civil.

Um outro ponto importante dessa geração de baterias é que elas deixaram de ser puramente químicas e tornaram-se equipamentos com uma eletrônica embarcada que tem as funções de monitoramento e controle do funcionamento das células para garantir a segurança no uso, a performance e a vida útil projetadas. Esses circuitos eletrônicos, conhecidos como BMS – Battery Management System - na verdade, não dependem da tecnologia de bateria para serem usados, mas com o advento das células de lítio o seu uso tornou-se necessário para garantir, principalmente, o correto uso das baterias evitando problemas com a sua segurança. Com a inclusão dos BMS foi possível também a extração dos dados de funcionamento das baterias, permitindo a sua correta avaliação em tempo real e concorrendo para a mitigação de problemas.

Além disso, essa comunicação das baterias possibilita aos UPS a coleta em tempo real das características de funcionamento das baterias permitindo com que eles, os UPS, consigam trabalhar na região ótima do sistema otimizando recursos, diminuindo custos de operações e aumentando a segurança da instalação. Essas características, aliadas à maior expectativa de vida útil e uma operação livre de manutenções, entre outras, vem tornando as baterias de lítio a melhor escolha técnica para o armazenamento de energia.

Quais são as principais diferenças técnicas entre a tecnologia SPLFP UPS e outras soluções de baterias?

A excelente qualidade e entrega das baterias da família SPLFP UPS da Secpower devem-se principalmente ao uso de células de Lítio Ferro Fosfato (LiFePO4 ou LFP), mundialmente reconhecidas como a tecnologia mais segura do mercado e com excelente custo-benefício. As células usadas são de fabricantes reconhecidamente classificados como TIER 1 o que lhes confere a performance, a segurança e a vida útil ofertadas. Além disso, as baterias SPLFP UPS contam com um robusto sistema de controle eletrônico que atua diretamente nas células e está ligado a um outro sistema eletrônico central que monitora, analisa e age sobre todos os módulos da bateria de forma independente para garantir as já mencionadas segurança e a performance. Esses sistemas eletrônicos usam potentes microprocessadores e modernos circuitos integrados dedicados, aliados a projetos robustos e muito bem testados. Aliado à robustez das baterias temos um excelente projeto mecânico e de interconexões que garante a sua operação livre de manutenção.

Embora as baterias de lítio apresentem grandes vantagens, elas também enfrentam desafios como custos iniciais mais altos e preocupações sobre reciclagem e sustentabilidade. Como esses desafios estão sendo abordados atualmente, e quais soluções você enxerga para tornar essa tecnologia mais acessível e sustentável no futuro?

O custo de aquisição de baterias de lítio é mais caro que o apresentado para as baterias tradicionais e assim ainda permanecerá por mais algum tempo ainda que diminuindo ano após ano. Estamos experimentando quedas de preço das células ao longo de alguns anos e a expectativa, como informado pela HIX Capital é que a queda no próximo ano será de 12,5% e com expectativas que apontam para mais de 30% ao longo de 10 anos. Ainda que essa não seja a queda real do preço da bateria completa, pois ela conta com outros componentes em sua composição qie não estão na mesma espiral de queda. Mas o preço da solução de lítio não deve ser avaliado somente em seu preço de aquisição, posto que a mudança da tecnologia confere uma série de benefícios como ilustramos nos parágrafos anteriores. As economias conseguidas com a maior eficiência energética, sua notada economia de espaço dentro da estrutura nobre das instalações dos clientes, maior expectativa de vida útil, menores custos com manutenções preventivas concorrem para que o investimento inicial seja rapidamente amortizado. Além da queda no preço das baterias, suas características afetam positivamente os projetos dos Nobreaks tornando-os mais confiáveis e baratos, o que, de forma geral, torna a diferença de preço das baterias ainda menor e mais atrativa.

Sobre a reciclagem das células de lítio ainda há um longo caminho a ser percorrido posto que as tecnologias de reciclagem e os seus produtos finais ainda não são tão atrativas financeiramente. Existe, sim, fábricas e operações de reciclagem, mas ainda em números modestos, mesmo falando de mundo. É certo que a preocupação com a reciclagem é um assunto que já nos preocupa, mas com a questão da maior vida útil das baterias de lítio, a expectativa é que, quando esse final da vida chegar, já existam agentes de reciclagem em muito maior escala. Existem também as questões ligadas à reciclagem das baterias, ao que é comumente chamado de “baterias de segundo uso” que são aquelas que ainda possuem capacidade residual de armazenamento de energia e que podem ser usadas em outras aplicações onde suas características são aplicáveis. Como um exemplo podemos citar as células de baterias de veículos elétricos que, após a sua aplicação original, podem ser usadas em sistemas de energia em residências por mais 8 ou 10 anos sem prejuízo da solução.

A tecnologia BESST SEC e as baterias SPLFP UPS já estão sendo adotadas em alguns mercados globais. O que precisa acontecer no Brasil para que essa transição para baterias de lítio em sistemas de Nobreaks seja acelerada?

A sua adoção é, de fato, uma questão de pouco tempo pois são nítidas as suas melhores características e seu retorno sobre o investimento cada vez mais rápidos aliados à queda nos preços como dito anteriormente. A sua velocidade só não é maior por conta de um enorme número de Nobreaks que ainda não são completamente compatíveis com as baterias de lítio e que estão ainda dentro da sua vida útil projetada e para esses equipamentos ainda é recomendado o uso das tradicionais baterias. Os fabricantes de Nobreaks, parceiros e clientes nossos, já estão investindo muito no desenvolvimento de novos modelos totalmente compatíveis com a tecnologia de lítio e que, ao serem colocados no mercado, impulsionarão em muito a adoção dessas baterias. Outro mecanismo que deverá auxiliar no aumento da velocidade da introdução das novas baterias é a mudança cada vez mais rápida da matriz energética em nosso país e das condições e limitações que a nossa rede elétrica impõe aos usuários. Com as crescentes mudanças nessa estrutura, o uso de baterias de lítio é cada vez maior, estejam elas instaladas em Nobreaks ou em Sistemas de Armazenamento de Energia conhecidos pela sigla BESS.