A Fundação Nacional de Ciências dos EUA (NSF, na sigla em inglês) publicou seu primeiro estudo sobre um possível cabo submarino que conectará a Antártida com a Austrália e a Ásia.

A NSF anunciou semana passada a publicação de um estudo de escritório (DTS) que avalia a viabilidade de conectar a estação McMurdo da NSF na Antártida com a Austrália e a Nova Zelândia através de um cabo submarino. As diretorias de Geociências e Ciências e Engenharia da Computação e de Informação da NSF encarregaram o estudo em resposta a uma oficina realizada em 2021 em que foram analisados os possíveis benefícios de um cabo submarino antártico.

O estudo integral inclui dados sobre as propriedades do Oceano Austral, a vida marinha, a geologia do leito marinho, as condições climáticas, as regulamentações nacionais/internacionais e os requisitos de revisão ambiental e permissões para a região. Identifica rotas e possíveis lugares de aterragem para o cabo, e como adaptá-lo para auxiliar observações científicas, incluindo a adição de repetidores inteligentes para medir o oceano.

A fundação anunciou que agora realiza estudos de acompanhamento para entender mais os problemas colocados no DTS. A NSF pretende realizar uma segunda oficina científica para aperfeiçoar os objetivos e metas científicas que influirão no projeto do cabo e da rota.

Além da Estação McMurdo (através de seu novo data center em construção e uma estação de aterragem de cabo dedicada), os pontos de aterragem podem incluir a Invercargill na Nova Zelândia (nas instalações próximas da DataGrid) e Sidney na Austrália (possivelmente dentro das instalações SY4 da Equinix), com unidades de derivação rumo à estação de pesquisa do programa antártico da Austrália na Ilha Macquarie e/ou a Baía da Terra Nova na Antártida, em que estão várias outras estações de pesquisa.

O estudo recomenda a opção da Nova Zelândia, já que é mais curta e tem menos risco de dano por transporte. Os custos potenciais do sistema foram elaborados com base na versão pública do estudo publicado.

A Antártida é o último continente sem um cabo de fibra submarina, e as estações de pesquisa em toda a região dependem completamente das comunicações por satélite. A estação antártica norte-americana McMurdo, localizada na Ilha Ross, tem por volta de 25 Mbps para compartilhar entre até 1.000 pessoas no verão austral, ainda que atualmente também teste o Starlink.

As próprias estações de pesquisa da Austrália na região tem limitações semelhantes na banda larga.

Vários atores, entretanto, exploram a possibilidade de construir um cabo rumo à Antártida para auxiliar missões de pesquisa.

No ano passado, o fundo de infraestrutura estatal chileno Desarrollo País e a H2 Cable, uma subsidiária da BW Digital de Singapura, anunciaram que procuravam um parceiro para começar o trabalho no Cabo Humboldt que conectará o Chile com a Austrália, com um possível ramal direcionado à Antártida.