Energia Inteligente pode ser definida como uma forma mais eficiente, abrangente, digital, conectada, aberta e sem silos, que utiliza dados disponíveis e sistemas avançados para tomar mais e melhores decisões que vão privilegiar, ao mesmo tempo, o conforto e a eficiência na sua utilização ao longo de todo seu ciclo de vida. Entendendo que Energia Inteligente significa substituir a tradicional leitura manual de consumo de energia por um sistema eletrônico, conectado e mais inteligente, empresas com visão de futuro vêm tornando os sistemas de energia uma prioridade. Uma destas empresas é a Schneider Electric.

De acordo com o vice-presidente da unidade de Power Systems para a América do Sul, Leandro Bertoni, a "Energia Inteligente tem um potencial enorme para ganhos de eficiência para o Brasil e América Latina em geral, com impactos positivos em todas as cadeias de valor afetadas pelo uso de energia. Trata-se de um investimento com retorno excelente de maneira individual para empresas, e multiplicadora para a sociedade em geral", detalha o executivo, que em entrevista, fala sobre os ganhos e vantagens em investir em Energia Inteligente. Leia a seguir.

DatacenterDynamics: Qual é a demanda hoje da Schneider Electric por soluções de Energia Inteligente?

Leandro Bertoni: O foco da Schneider é, principalmente, ajudar os clientes a usarem a energia de forma inteligente, logo, poderíamos dizer que é 100% da nossa demanda. Nossa missão é ser o parceiro digital para a sustentabilidade e a eficiência. Nosso propósito global é possibilitar o máximo aproveitamento de nossa energia e de nossos recursos, garantindo progresso e sustentabilidade para todos. Acreditamos que o acesso à energia e à tecnologia digital seja um direito humano básico e estamos enfrentando uma mudança tectônica na transição da energia e na revolução catalisada pela digitalização acelerada.

DCD: As empresas pensam muito em preço na hora de investir em Energia Inteligente?

L. B.: Sim, essa é uma realidade, e incentivamos sempre que nossos clientes vejam todo o processo ou ciclo de vida do investimento, considerando as eficiências aportadas, custos de manutenção e outros, para que tomem decisões baseadas nessa visão abrangente, e não apenas no investimento inicial.

DCD: Em quanto tempo o cliente obtém os resultados após investir em Energia Inteligente?

L. B.: Os softwares, Inteligência Artificial e analíticas avançadas que temos hoje em dia possibilitam ganhos enormes e às vezes inesperados, que superam em muito as expectativas iniciais dos clientes.

DCD: Que soluções a empresa dispõe neste sentido?

L. B.: Inúmeras para os mais diversos segmentos, níveis de tensão e aplicações, mas de maneira geral impulsionamos a Transformação Digital ao integrar processos e tecnologias de energia inovadores para concretizar todas as oportunidades de eficiência e sustentabilidade para diversos negócios. Oferecemos integração, conectando produtos, controles, softwares e serviços. Possibilitamos soluções de ciclo de vida desde o projeto e a construção até as fases de operação e manutenção, por meio de gêmeos digitais e entendimento do processo de nossos clientes. As nossas soluções integradas são construídas com segurança e confiabilidade para casas, edifícios, data centers, infraestruturas, indústrias e Utilities. Defendemos padrões abertos e ecossistemas de parceria para liberar as infinitas possibilidades de uma comunidade global inovadora que seja apaixonada por nossos valores de Propósito, Inclusão e Empoderamento.

DCD: Existem casos concretos que mostrem os ganhos que o conceito pode gerar? Poderia contar um caso de sucesso?

L. B.: A aplicação do nosso ADMS na Enel na Itália, em 2009, possibilitou economias de perdas técnicas da ordem de 144 GWh por ano, o suficiente para fornecer energia a 50.000 lares pelo mesmo período, com uma economia adicional de emissão de 75.000 toneladas de CO2eq. Eles publicaram um paper no Cired sobre isso, na época. Ao citar esse caso, de mais de dez anos, fica claro que nossas possibilidades e soluções estão disponíveis já há bastante tempo.

DCD: Existe o risco de o país ficar para trás nesse campo ou o Brasil vem caminhando bem neste sentido?

L. B.: Vemos um maior interesse recentemente. Em linha com o que acontece na América Latina, em geral, apesar de que alguns países por aqui já iniciaram esse processo de maneira mais sólida 10 anos atrás, caso do Equador, por exemplo.

De maneira geral, considerando o resto do mundo, estamos um pouco atrasados em termos regulatórios e no investimento em geral, mas a boa notícia é que a tecnologia testada no mundo todo já está disponível: trata-se então e, principalmente, de tomada de decisão.

DCD: Existem algumas iniciativas hoje de redes inteligentes no país. Qual é o estágio dessas iniciativas por aqui?

L. B.: Existem poucas empresas efetivamente operando sistemas avançados para redes inteligentes de forma ampla e abrangente. O maior caso de êxito, já em operação, foi implantado por nós em um cliente que opera redes que totalizam quase 10 milhões de medidores. Muitas outras estão em processo de tomada de decisão para investimento ou trabalhando em pilotos, que possibilitam um ganho de maturidade interessante, o que é necessário nessa evolução.