A Microsoft retirou-se dos contratos de leasing de data center no valor de 200 MW, afirma um relatório, escrito pelos analistas Michael Elias, Cooper Belanger e Gregory Williams.

Segundo esse relatório, entre as descobertas das verificações da TD Cowen, estão o fato de que a Microsoft cancelou arrendamentos nos EUA, totalizando 'algumas centenas de MWs' com pelo menos dois operadores de data center privados e realocou uma parte considerável de seus gastos internacionais para os EUA.

A TD Cowen sugere que a Microsoft está usando atrasos de instalação/energia como justificativa para isso, comparando o caso com a tática de 2022 empregada pela Meta após o cancelamento de vários aluguéis de data center relacionados ao metaverso.

O relatório acrescenta que a Microsoft também recuou na conversão de declaração de qualificações negociadas e assinadas, que são o precursor de um contrato de locação de data center, em contratos assinados. Além disso, observa que não pode confirmar se o caso se trata de um atraso na conversão ou de uma rescisão definitiva.

A corretora também disse que suas verificações de canal descobriram que a Microsoft estava realocando uma "parte considerável" de seus gastos internacionais para os EUA, o que "sugere uma desaceleração material no leasing internacional".

O relatório concluiu: "A Microsoft foi a locatária de capacidade mais ativa em 2023 e no primeiro semestre de 2024, momento em que estava adquirindo capacidade em relação a uma previsão de capacidade que contemplava cargas de trabalho incrementais da OpenAI”.

"No entanto, como acreditamos ser indicado por sua decisão de pausar a construção de um data center em Wisconsin - que nossas verificações de canal anteriores indicaram que era para apoiar a OpenAI - há capacidade que provavelmente adquiriu, particularmente em áreas onde a capacidade não é compatível para a nuvem, onde a empresa pode ter excesso de capacidade de data center em relação à sua nova previsão”. A TD Cowen observa que esta é sua "interpretação" da situação e está "sujeita a alterações".

Nem todos os analistas têm a mesma opinião sobre o assunto, no entanto.

"Para mim, tudo isso parece e soa como um negócio normal", disse Jordan Klein, analista da Mizuho Securities, em nota. "Uma empresa tão grande e com 80 bilhões de dólares (459 bilhões de reais) em gastos anuais tem o direito de entrar e sair de contratos de aluguel de data center, muitos dos quais nunca foram assinados oficialmente".

Klein sugeriu ainda que, como muitos hiperescalas usam uma mistura de terras próprias e arrendadas, é de se esperar "ajustes" nos planos.

Em janeiro desse ano, a Microsoft anunciou planos de gastar 80 bilhões de dólares em data centers de IA em 2025.

Durante sua teleconferência de resultados mais recente, a CFO Amy Hood revelou que a empresa estava trabalhando em um "lugar com capacidade bastante limitada", acrescentando que eles estavam "com falta de energia e espaço".

Na semana passada, o CEO Satya Nadella disse em uma entrevista que "haverá uma superconstrução" da infraestrutura de IA e disse que sua empresa "alugará muita capacidade entre 2027 e 2028".

A Microsoft se recusou a responder a Bloomberg sobre a nota da TD Cowen, mas um porta-voz afirmou: "Graças aos investimentos significativos que fizemos até agora, estamos bem posicionados para atender à demanda atual e crescente dos clientes. Somente no ano passado, adicionamos mais capacidade do que em qualquer ano anterior da história. Embora possamos acompanhar ou ajustar estrategicamente nossa infraestrutura em algumas áreas, continuaremos a crescer fortemente em todas as regiões. Isso nos permite investir e alocar recursos em áreas de crescimento para o nosso futuro. Nossos planos de gastar mais de 80 bilhões de dólares em infraestrutura neste ano fiscal permanecem no caminho certo, pois continuamos a crescer em um ritmo recorde para atender à demanda dos clientes".

A DCD entrou em contato com a Microsoft para obter mais informações, mas recebeu a mesma declaração.

Esse ano a Microsoft perdeu sua posição como fornecedora de nuvem exclusiva da OpenAI após a iniciativa de data center Stargate de 500 bilhões de dólares (2,8 trilhões de reais) anunciada pela empresa de IA.

Apesar disso, a Microsoft manteve o "direito de preferência" na nova capacidade e, "para apoiar ainda mais a OpenAI, a Microsoft aprovou a capacidade da OpenAI de construir capacidade adicional, principalmente para pesquisa e treinamento de modelos".

Falando sobre isso durante a teleconferência de resultados, Nadella disse: "Continuamos muito felizes com a parceria com a OpenAI... eles se comprometeram muito com o Azure", acrescentando: "O sucesso deles é o nosso sucesso".