A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) apresentou o Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (ILIA), que analisa a situação da IA em 12 países da América Latina.

O primeiro Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial foi elaborado pelo CENIA com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe, da Organização dos Estados Americanos (OEA), além da assistência técnica da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do HAI de Stanford.

Trata-se de um estudo pioneiro que revela a situação da IA na Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Costa Rica, Equador, Panamá, Brasil e México, conforme explicaram Álvaro Soto, Diretor do CENIA, e Rodrigo Durán Rojas, Diretor de Vinculação da mesma instituição.

O ILIA considera o contexto material, social e cultural da região e analisa cinco dimensões: fatores habilitadores (elementos necessários para o desenvolvimento de um sistema robusto de IA no país); pesquisa, desenvolvimento e adoção; governança (nível de desenvolvimento do ambiente institucional); percepção (tópicos dominantes nas redes sociais e meios digitais); e futuro (tendências acadêmicas e visão dos especialistas sobre o impacto social).

A Inteligência Artificial (IA) pode contribuir enormemente para a transformação dos modelos de desenvolvimento na América Latina e no Caribe, tornando-os mais produtivos, inclusivos e sustentáveis. No entanto, para aproveitar suas oportunidades e minimizar suas potenciais ameaças, são necessários reflexão, visão estratégica, regulamentação e coordenação regional e multilateral, conforme destacado por autoridades e especialistas durante o lançamento do primeiro Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (ILIA) na CEPAL.

José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, enfatizou a necessidade de "trabalhar a inteligência artificial de forma explícita e deliberada no âmbito das políticas de desenvolvimento produtivo dos países da região e os seus territórios".

"Para aproveitar ao máximo o potencial da inteligência artificial, é necessário um ambiente habilitador que inclua infraestrutura digital, disponibilidade de dados, talentos digitais e capacidades de inovação e empreendedorismo digital", destacou o alto funcionário das Nações Unidas, elogiando a criação do ILIA pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial (CENIA) do Chile.

No entanto, José Manuel Salazar-Xirinachs observou que "devemos estar muito atentos às questões éticas relacionadas à sua implementação e aprofundar os desafios relacionados à privacidade dos dados, bem como aos vieses e discriminações nas decisões baseadas em algoritmos inteligentes".

"A CEPAL, como secretaria técnica do eLAC, e graças ao apoio da União Europeia, por meio da Aliança Digital União Europeia-América Latina e Caribe, continuará apoiando os países da região na promoção de ambientes habilitadores, ligando os esforços de transformação digital aos de desenvolvimento produtivo e buscando fornecer uma governança de dados que permita construir o caminho para um desenvolvimento sustentável e inclusivo", afirmou o Secretário Executivo da CEPAL.

"Quando olhamos para os desafios regulatórios ou de desenvolvimento de políticas públicas e o fazemos com uma abordagem multilateral, o que alcançamos são padrões internacionais que ajudam precisamente no desenvolvimento tecnológico e na partilha de valores que sustentam esse desenvolvimento tecnológico por países e nações que pensam de maneira semelhante. E isso é uma grande contribuição dessa comunidade em torno da ciência e tecnologia que foi gerada não apenas no Chile, mas também no restante da América Latina", enfatizou, por sua vez, a Ministra Aisén Etcheverry.

"Estamos certos de que o primeiro Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial será uma grande contribuição para o desenvolvimento de políticas públicas, somando-se ao esforço conjunto que muitos países da América Latina e do Caribe estão fazendo", destacou a titular do Ministério da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile.

"América Latina é uma região tão diversa quanto as suas paisagens. Há países com um tremendo desenvolvimento de inteligência artificial em termos relativos" e outros onde essa situação não ocorre da mesma forma, destacou Rodrigo Durán. Nenhum país concentra todos os aspectos considerados essenciais nesse índice, mas todos têm algo a aprender uns com os outros e todos têm algo a ensinar ao outro, enfatizou o representante. México e Brasil concentram cerca de 95% das patentes de inteligência artificial", exemplificou.

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