O avanço das novas tecnologias, especialmente a inteligência artificial supôs um desafio para os data centers, um desafio que vem acompanhado da administração de cargas de trabalho, necessidades de refrigeração e alta densidade computacional, fazendo que os responsáveis pela gestão dessas instalações considere formas mais eficientes de gerenciar os data centers e lidar com falhas nas operações de manutenção programada, reduzindo o tempo de inatividade na operação e manutenção.

A transformação digital nos coloca em um ponto de inflexão no qual a convergência da IA, a IoT e os gêmeos digitais está redefinindo a gestão e a operação dessas infraestruturas críticas.

Diante da crescente demanda da IA DCD quis debater sobre como evolui a gestão dos data centers e seu impacto na operação, conversando com especialistas de diferentes áreas sobre estas inovações e os desafios que traem consigo.

A automação e a IA estão tornando-se essenciais para a eficiência em um mundo cada vez mais digitalizado. Ferramentas como o BMS ou DCIM permitiram maior controle, porém a IA nos leva um passo além, otimizando recursos e prevendo os falhos antes que eles ocorram.

“Estamos vendo um data center mais previsível e com mais capacidade de gerenciamento, mas, no futuro, espera-se que a inclusão da inteligência artificial nos dê as diretrizes para utilizar robôs mais complexos, por exemplo. Robôs que tenham a capacidade de unir-se à toda estratégia de segurança, toda estratégia de monitoramento de temperatura que aconteça no interior da sala branca”, afirma Víctor Juárez, Technical Systems Engineer da Panduit.

Realmente, entre as tendências mais importantes que os especialistas destacam para 2025, respeito à manutenção programada, destaca–se a integração das tecnologias para melhorar a eficiência e a tomada de decisões, já que o uso das novas tecnologias faz que os centros sejam mais previsíveis e eficientes.

À medida que as cargas de trabalho evoluem com exigências cada vez mais altas em armazenamento e processamento, os data centers devem adaptar-se rapidamente. “Vemos a necessidade de rearquitetar a infraestrutura para suportar maiores densidades computacionais, incorporar resfriamento líquido e garantir uma gestão eficiente do consumo elétrico”, comenta Miguel Barajas, Senior Technical Solutions Architect for Data Centers and Cloud LATAM da Cisco.

A inteligência artificial, acompanhada do Machine Learning, sistemas de gestão, gêmeos digitais e sensores de IoT, permitirá que os data centers sejam muito mais eficientes do ponto de vista da gestão operacional, uma vez que os data centers estão adotando uma manutenção cada vez mais preditiva. Víctor, por exemplo, destaca a contribuição que os gêmeos digitais trouxeram ao seu data center. “Temos visto o envolvimento que os gêmeos digitais em outros segmentos, como o industrial, com impactos muito positivos. De acordo com as métricas que temos, o envolvimento de gêmeos digitais trouxe melhorias na eficiência operacional em aproximadamente 15% ou 20% das métricas esperadas deles”.

A IoT também tem um papel importante na otimização dos recursos, mudando a maneira que se monitora e administra os data centers, permitindo extrair dados em tempo real sobre temperatura, o consumo de energia e a segurança, facilitando, portanto, a tomada de decisões automatizadas.

Armando Bautista, gerente de implementação da Kio Data Centers, destaca o crescimento do uso de dispositivos de IoT no âmbito pessoal e empresarial e destaca a importância de integrar essas tecnologias para coletar informação e ajudar na tomada de decisões.

“Dentro dos casos de uso que vimos em Panduit envolvendo PDUs com a capacidade de gestão e a centralização ou sensores, percebemos que utilizando dispositivos IoT se pode melhorar o desempenho energético do data center entre 10 e 15%. Obviamente, esta métrica pode variar em função das cargas de consumo elétrico, o tipo de ar condicionado que tenha ou a precisão que tenha o usuário final, mas nesse sentido, poderiam estar algumas métricas de melhoras no uso eficiente da energia através do IoT, destaca Víctor.

Estes dispositivos, através da interconexão com plataformas de análises avançado, possibilitam melhoras no rendimento energético e dão uma visão mais ampla do funcionamento do data center, permitindo que se realizem ajustes automáticos que melhorem a eficiência e reduzam os custos operacionais.

A importância dessa tecnologia, por exemplo, não se limita à redução dos custos de energia, senão que também permite que os data centers possam contribuir a um objetivo muito importante como é a redução da pegada de carbono. “Reduzindo a pegada de carbono podemos estabelecer metas mais mensuráveis e bastante mais ambiciosas no que se refere a sustentabilidade”, explica Víctor.

No entanto, um dos principais desafios que os data centers enfrentam está na diversidade da infraestrutura de cada data center, sobretudo para adaptar suas práticas de manutenção, na integração multimarca e na monitorização em tempo real. Existem diferentes clientes, com diferentes necessidades, diferentes provedores e marcas que se somam aos data centers com infraestruturas herdadas e tecnologias que não são tão novas e funcionais e, finalmente, um elemento muito importante: a necessidade de capacitação.

Os especialistas coincidem que o erro humano é um dos falhos mais comuns durante a manutenção programada dos data centers, sendo importante estabelecer bem os procedimentos e coordenar as equipes envolvidas. “As tecnologias por elas mesmas não dariam os resultados que esperamos, necessitamos ter gente capacitada que as supere”, diz Bruno Reyes, Operations Manager de Cybolt, quem completa afirmando que “nenhuma ferramenta será efetiva se não há uma equipe que saiba utilizá-la. A formação contínua e a integração de plataformas de monitoramento em um só ecossistema são a chave para otimizar a gestão”.

A transformação também representa um desafio no que diz respeito à segurança. A adoção da IoT exige uma estratégia de segurança abrangente que avalie continuamente os riscos e vulnerabilidades, de maneira contínua, além de focar na segurança física, identificando com precisão cabeamento e bloqueadores em portas críticas para e bloqueadores em portas críticas para impedir acesso não autorizado. Por isso, determinar uma estratégia de segurança abrangente é um dos pontos de atenção que os especialistas destacam, recomendando segmentação de rede, autenticação múltipla e monitoramento constante de vulnerabilidades.

Em relação à manutenção preditiva e gestão de custos, os especialistas explicam que a incorporação de ferramentas de IA e de análise avançada permitem antecipar falhas e otimizar recursos.

“As empresas enfrentam o desafio de equilibrar o custo de manutenção com a necessidade manter os altos níveis de disponibilidade. A solução está na automação e na alocação dinâmica de recursos, baseada na análise de dados, explica Miguel.

Também é um desafio para os gestores dos data centers equilibrar o custo de manutenção com a necessidade de manter os altos níveis de disponibilidade e eficiência, algo que pode inclusive ser contraditório. “Porque da perspectiva da operação do data center, a medida que passam os anos, manter os equipamentos que dão suporte ao data center se torna cada vez mais caro. E isso é um pouco contraditório com o que busca a companhia de fazer cada vez mais eficiente. Por isso, é importante estabelecer estratégias concretas, como, por exemplo, gerenciar as garantias dos equipamentos que existem no centro de dados; poder gerar contratos de longo prazo também é uma estratégia que permite garantir uma boa manutenção com a marca ou com o fornecedor representativo da marca a custos acessíveis, claro, dentro do mercado", explica Nicolás Castro, chefe de Infraestrutura de Data Center da Ufinet Chile.

Respeito à analítica preditiva para identificar e mitigar problemas, os especialistas estão de acordo que é fundamental para os data centers a analítica de dados para gerar informação, entretanto, tão importante é coletar como analisar.

Alejandro Sánchez, gerente de Operações e Infraestrutura da Libertad Servicios Financieros, destaca a importância da configuração N+1 na infraestrutura que inclui nós de rede e redundância energética e propõe renovações tecnológicas em fases distintas para mitigar riscos e manter a infraestrutura atualizada. “Pessoalmente, costumo fazer renovações tecnológicas no conceito N+1 em tempos diferentes. Eu nunca mudo a infraestrutura. Para que toda a infraestrutura não fique completamente obsoleta em um período muito curto de tempo.”, explica.

Os desafios tecnológicos que os data centers enfrentam são definitivamente marcados pela convergência de tecnologias que permitem uma gestão mais eficiente, segura e sustentável, levando os data centers a implementar IA, IoT e automação inteligente para atingir operações mais eficientes e resilientes, como sustenta Victor: "O data center do futuro será mais previsível, mais seguro e mais sustentável. A chave estará na integração de tecnologias e na formação de profissionais capazes de gerenciá-las."